O QUE É DIÁLISE PERITONEAL
A diálise peritoneal não requer equipamento tecnicamente avançado. O dialisante é introduzido na cavidade peritoneal através de um cateter colocado na parte inferior do abdômen. Uma membrana fina, chamada peritoneu, reveste as paredes da cavidade peritoneal e cobre todos os órgãos nela contidos. Na diálise peritoneal, o peritoneu atua como membrana de diálise. A cavidade peritoneal pode frequentemente reter mais de 3 litros, mas na prática clínica é mais usual utilizar 1,5-2 litros de dialisante.
Uma das opções de tratamento disponíveis no tratamento da Insuficiência Renal Crónica Terminal. É uma técnica fisiológica que utiliza a membrana peritoneal (membrana que envolve os órgãos abdominais), atua como um filtro do sangue, removendo excesso de água e toxinas do corpo. É uma técnica também denominada "auto-diálise", porque é realizada por si ou por um familiar próximo.
A osmose é definida como a passagem da água através de uma membrana de uma área onde a sua concentração é mais alta para outra onde a sua concentração é mais baixa. Na diálise peritoneal utilizamos a osmose através da adição de glucose, que é uma grande molécula, ao líquido da DP. A grande molécula de glucose arrasta a água do lado do sangue para o lado do líquido da DP, tentando diluir a elevada concentração de glucose e chegar ao equilíbrio. Mudando o líquido da DP após 4-6 horas haverá uma maior ou menor remoção de líquido do sangue durante todo o dia. A concentração de glucose no líquido da DP determina a quantidade de líquido que será removida. Os produtos residuais, como a ureia e a creatinina, são removidos por difusão. Os produtos residuais movem-se da área de elevada concentração da corrente sanguínea para uma área de baixa concentração do líquido de DP, na cavidade abdominal. Uma vez obtido o equilíbrio, o dialisado residual é drenado, sendo instilado novo dialisante. Este processo é contínuo e imita a acção do rim. Proporciona ao doente uma diálise contínua sem os altos e baixos do tratamento de HD, que é normalmente intermitente.
O conteúdo do dialisante da DP pode ser dividido em electrólitos, solução tampão e agentes osmóticos, estando disponíveis muitas composições diferentes. O electrólito mais abundante no líquido de DP é o sódio, cuja concentração normal é 132 mmol/l. A concentração de cálcio varia com frequência, dependendo de aspectos como o doente estar a tomar quelantes de cálcio com teor em fosfato. Normalmente situa-se entre 1,25 e 1,7mmol/l. O líquido de DP também contém magnésio e cloreto mas, ao contrário do líquido de diálise, o líquido padrão da DP não contém potássio. A solução tampão utilizada no líquido de DP é normalmente o lactato, embora em certas situações seja utilizado bicarbonato. O lactato é metabolizado em bicarbonato pelo organismo.
O principal agente osmótico é a glucose. Como a taxa de osmose está relacionada com a concentração osmótica do líquido de DP, a taxa de ultrafiltração pode ser controlada escolhendo uma concentração de glucose apropriada. Os níveis de glucose normais do líquido de DP situam-se entre 1,4 e 4,5%.
Informe sempre o seu médico de clínica geral, dentista, e médicos especialistas que está a fazer diálise
OPÇÕES NA DIÁLISE PERITONEAL
A diálise peritoneal, quer na sua variante DPCA quer na de DPA, é uma técnica eficaz, bem tolerada e simples de efetuar. A enorme maioria das pessoas tem facilidade em aprender a executá-la. Ao fim de poucos dias de aprendizagem, o doente e um seu eventual parceiro encontram-se em condições de, autonomamente, efetuá-la no domicílio.
- DPCA - Diálise Peritoneal Continua Ambulatória
- DPA - Diálise Peritoneal Automática
Baxter
DPCA - DIÁLISE PERITONEAL CONTINUA AMBULATÓRIA (MANUAL)
A solução de Diálise Peritoneal é infundida na cavidade peritoneal através do cateter, a solução permanece na cavidade peritoneal, durante algumas horas (de 4 a 6), chamando-se a este período tempo de permanência. Após o tempo de permanência a solução utilizada é drenada e substituída por uma solução nova. Este procedimento é conhecido por troca e repete-se 3 a 5 vezes por dia, realizada durante o dia.
DPA - DIÁLISE PERITONEAL AUTOMÁTICA
A substituição da solução de diálise é efetuada automaticamente por uma máquina portátil (cicladora) durante a noite, por um período de 8 a 12 horas.
Para realizar a Diálise Peritoneal é necessário um acesso - Cateter Peritoneal. A colocação do catéter é efetuada por uma técnica simples, habitualmente sob anestesia local.
Ambos os tratamentos são realizados em casa. A escolha entre um deles depende das suas preferências estilo de vida e condições clínicas. A técnica aprende-se com facilidade.
ACESSO DE DIÁLISE PERITONEAL
A solução de diálise peritoneal entra e sai da cavidade peritoneal através de um cateter (pequeno tubo). O catéter é um tubo flexível e aproximadamente do tamanho de uma palhinha. O catéter é colocado na parte inferior do seu abdómen, num pequeno procedimento cirúrgico com anestesia. Uma vez introduzido, pode permanecer no local enquanto necessário (todo o período em que está a fazer diálise peritoneal como opção de tratamento). O catéter é retirado quando surgem complicações como infeções, não funcionar, ou quando o tratamento de diálise peritoneal é interrompido (quando realiza um transplante renal ou passa para hemodiálise).
A colocação do catéter peritoneal é realizada no bloco operatório por um Cirurgião. Poderá ser em regime de ambulatório ou de internamento, dependendo da sua situação clínica.
DIÁLISE PERITONEAL ASPETOS A CONSIDERAR
A Diálise Peritoneal (DP) é um tratamento contínuo realizado sete dias por semana, é um tratamento suave, a água e os produtos tóxicos em excesso são removidos do organismo lentamente e de forma contínua, está opção é mais fisiológica. O doente pode fazer as suas atividades habituais, entre a as trocas.
- são necessárias consultas regulares de acompanhamento;
- não precisa de se deslocar repetidamente casa - clínica - casa;
- fácil de fazer mesmo em férias;
- pode fazer este tratamento enquanto dorme (no caso de fazer DPA);
- são necessárias várias sessões de treino para aprender a lidar com equipamento (fácil de aprender);
- é necessário espaço físico para armazenamento em casa;
- risco de infeção;
- cateter permanente externo;
- risco de aumento de peso;
- limita a vida noturna (no caso de fazer DPA).
O DOENTE AO REALIZAR A DIÁLISE PERITONEAL EM CASA, É RESPONSAVEL POR
- seguir a prescrição do tratamento e as recomendações de dieta;
- controlar o peso e tensão arterial;
- vigiar o orifício do cateter;
- manter limpo e bem arejado o local das trocas;
- não são recomendados banhos de banheira e piscinas.
DIÁLISE PERITONEAL - POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES
Embora muitas pessoas se submetam à diálise peritoneal durante anos sem problemas, por vezes podem surgir complicações. Como em qualquer tratamento, podem surgir efeitos secundários ou complicações, a maioria das vezes resultantes de fatores individuais.
Os efeitos secundários mais frequentes são: enfartamento, obstipação (“prisão de ventre”), dor escapular (nos ombros), dor abdominal com a entrada ou a saída do líquido e a formação de hérnias. Os primeiros são, geralmente, ligeiros, bem tolerados e transitórios. Por vezes, será necessário recorrer a medicação para o seu alívio. Raramente, pela sua intensidade ou pela sua persistência, implicarão medidas mais enérgicas – reposicionamento do catéter ou, até, suspender o tratamento por diálise peritoneal e transitar para hemodiálise. Quanto às hérnias que possam surgir são, quando tal estiver indicado, corrigidas cirurgicamente.
As complicações menos frequentes, mas mais graves, são as iinfeções a do orifício de inserção do catéter e a peritonite (infeção do peritoneu).
A INFEÇÃO NA DIÁLISE PERITONEAL
Diálise Peritoneal é um tratamento para a Insuficiência Renal Crónica Terminal. A par com outros tratamento, requer cuidados especiais e não está isenta de complicações. A infeções são atualmente fonte de preocupação, carecendo de medidas especificas de modo a prevenir o seu aparecimento. A lavagem efeciente das mãos, o uso de máscara e a correta realização da tecnica são fundamentais para reduzir o número de infeções indesejadas.
Lavagem das Mãos... utilização da mascara Muito Importante
O QUE É A PERITONITE?
A peritonite é uma infeção do peritoneu (membrana que faz a diálise), causada pela presença de bactérias. A sua presença, torna o líquido turvo.
SINAIS E SINTOMAS DE PERITONITE
Febre, Dor abdominal, Líquido turvo, Náuseas e vomitos.
No caso de aparecimento de algum destes sinais ou sintomas deve contatar o seu enfemeiro/a ou médico responsavel pelo o seu tratamento.
DIÁLISE PERITONEAL: QUAIS OS SINAIS DE UMA INFEÇÃO NO ORIFÍCIO
SAIBA IDENTIFICAR O SEU ORIFÍCIO
Com o auxilio de um espelho, verique todos os dias o estado do seu orifício e compare:
COMO PREVENIR O SEU APARECIMENTO
- Organize a sua vida diária incluindo os horários do seu tratamento. Realize-o com calma:
- Mantenha a sua casa limpa e arejada. O local do seu tratamento deve conter o mínimo de material, apenas o indispensável;
- Os animais são portadores de múltiplas bactérias. Mantenha-os longe do local de tratamento;
- No dia a dia do seu trabalho, lembre-se que deve realizar o seu tratamento, com roupa limpa;
- Cumpra com todas as orientações fornecidas pela equipa de diálise peritoneal durante o início da diálise.
DIÁLISE PERITONEAL E AS FÉRIAS
Os doentes em Diálise Peritoneal podem viajar, para isso é necessário, com antecedência, informar o seu médico (nefrologista) e enfermeiro/a, com alguma antecedência. Este tempo é necessário para a programação e verificação da possibilidade das respetivas entregas de material no local de férias.
Se fizer alteração na sua viagem, deverá informar a sua unidade diálise peritoneal, para discutir as mudanças necessárias para os seus planos.
Jean Louis Clemendot
Ele espera ser uma inspiração para os 1.700.000 pacientes em diálise em todo o mundo e mostrar que pode continuar a viver a vida ao máximo, apesar de doença renal.
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