sábado, 7 de novembro de 2009

Projeto de Pesquisa

INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa procura dentro de uma perspectiva de sensibilização e conscientização para os impasses e trajetórias dos portadores de deficiência auditiva.

Será necessário um novo olhar na educação que, sem dúvida alguma, se alicerça na sociedade, para a aceitação das diferenças, em oposição à homogeneidade.

Espero que a pesquisa torne-se eficiente e prática e que com isso possam valorizar a espontaneidade oral e a pista auditiva da criança D. A, oportunizando um ambiente estimulador e contribuindo de maneira eficiente para nós educadores que somos bastante pobres de recursos e subsídios.

Mas é fruto de uma colheita de informações selecionadas e de fontes bibliográficas citadas no final do projeto, e também, da experiência, e do trabalho realizado na Escola “Filippo Smaldone ao longo de dois anos na sala de logopedia (treinamento Individual), situada na Rua Frei Lourenço, no Centro de Manaus”.

Os estudos surdos se constituem enquanto projeto de pesquisa em educação, onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas, são focalizadas e entendidas a partir das diferenças, e a partir do seu reconhecimento político.


Este projeto não está ancorado a uma teorização. Porém exige e tem o objetivo de gerar uma teoria e um novo olhar sobre a surdez. Porém, a minha preocupação é fundamentada na criação de um tecido, de um campo, de uma rede para o planejamento de políticas educacionais para surdos, onde encontrem seus próprios olhares e que possibilitem pensar a surdez dentro de uma perspectiva geral da educação. São nessas relações que a surdez pode, então ser pensada como uma diferença, e onde devemos mudar as nossas concepções sobre o sujeito surdo, as descrições em torno de sua língua, as definições sobre as políticas educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e adultos ouvintes,etc.

A necessidade de construir um território mais significativo para a educação dos surdos, de não limitar nossas expectativas a uma “melhoria” dos paradigmas dominantes na educação especial, que nos conduzem a um conjunto de inquietações colocadas de um modo estático nas políticas e nas práticas pedagógicas.

O que pretendo é inverter a compreensão daquilo que pode ser chamado de “normal” ou “cotidiano”. È uma proposta pedagógica contemporânea que defenda uma educação direcionada para a autonomia do sujeito, para o uso da língua de sinais e para conscientização de sua identidade.

PROJETO DE PESQUISA



1.TEMA: Uma Visão Pedagógica Sobre a Deficiência Auditiva

2. PROBLEMA:

Quais os fatores que contribuíram para não nos restringirmos as limitações das pessoas com deficiência auditiva, e como poderíamos oferecer subsídios ao professor para que enfrente os desafios, levando em consideração o potencial do aluno.

3. QUESTÕES NORTEADORAS:

Ao realizar essa pesquisa, foi de fundamental importância, a necessidade de se ter uma nova visão pedagógica sobre a deficiência auditiva, pois baseada em minhas informações, muito se tem a fazer no processo educacional para que não vinculem ou rotulem os mesmos como “coitadinhos” e que são incapazes de galgarem ou alcançarem vôos mais altos. Dentro de suas limitações conseguem atingir um patamar quase que equiparado ao ouvinte, que tem uma imagem distorcida e inadequada do deficiente auditivo.

Por isso a necessidade de uma nova visão sobre o deficiente auditivo e suas peculiaridades.

Pois se os surdos não podem expressar, se não lhes é facultada a chance de se constituírem como sujeitos em suas próprias identidades culturais para que possam vir a se manifestar, restará a estes seres humanos a oportunidade de existir? Ou mudaremos nossas expectativas,

Eliminaremos os impasses, os temores que emanam da idéia do que significa diferença e adotaremos uma visão multicultural iniciando uma eterna caminhada juntos a partir deste novo milênio.

Há necessidade de um fazer pedagógico diferenciado, onde desencandeim as suas potencialidades lingüísticas e comunicativas. Onde se desmistifique a postura de que a escola é a única responsável pela integração social. Pois a sociedade tem preconceitos contra tudo que não conhece, que lhe seja “desconhecido” e tudo que difere dos padrões considerados normais. Com isso, a falta de conhecimento específico da pessoa surda e das suas capacidades, manifesta-se concretamente, tanto na rejeição, quanto na superproteção.

A rejeição fez com que eu travasse uma batalha em prol dos mesmos, pois não se dirigiam aos surdos e procuravam evita-los.

Isso é inadmissível. Pois até educadores sentem-se constrangidos, pois não estão acostumados a enfrentar desafios, a buscar soluções, a ter esclarecimentos a respeito da surdez e de quebrar preconceitos relativos ao deficiente, viabilizando a sua integração social.

Não devemos transformá-las em entraves, marginalizando-os. Devemos ser comprometidos com essa situação, levando os alunos a se comunicarem mais amplamente e eficazmente, tanto em linguagem oral, como na escrita, evitando a todo custo a estigmatização da linguagem das crianças.


Dentro de uma perspectiva de sensibilização, espero que assumam a educação, procurando ultrapassar essas barreiras, pois temos que aprofundar valores e atitudes compatíveis com os

Direitos humanos e promover reflexões entusiásticas sobre o transcendente potencial humano das pessoas deficientes, até porque, em sentido lato, todos os seres humanos são portadores de limitações e dificuldades, não esquecendo que poderíamos ter nascido deficientes ou tornarmos-nos deficientes.

Faz-se urgente à inovação, á fácil aceitação no estabelecimento educacional, criar programas de prevenção, alterar processos de identificação precoce, reforçar o processo contínuo, os programas de sucesso e precisão, a eficácia de programas individualizados de ensino, eliminar a rotulação inconseqüente no plano educacional. Em suma, deve-se educar crianças deficientes nas classes dos não deficientes, criando novas prioridades de formação de prática pedagógica e de investigação.

A mudança é possível e humanamente necessária.




4. JUSTIFICATIVA

Essa é minha preocupação constante, pois frente a exclusão desses alunos, no decorrer dos anos, pude observar, em razão da deficiência de minha filha e de outros deficientes, o quanto é difícil o acesso dos mesmos a uma série de informações de material acessível aos seus conhecimentos, de recursos audiovisuais disponíveis, de materiais concretos para a realização de suas atividades, das dificuldades na leitura, na formação de frases, no raciocínio lógico e no acesso á oralidade

.Além de pensar a escola, a partir do parâmetro linguagem, que possibilitem aos estudiosos montar estratégias para que possam ser ouvidos e para que o pensamento da escola

passe a ver o sujeito como um instrumento/ meio de produção de sentidos, assim como passe a identificar os diversos mecanismos de poder utilizados por ela para impor saberes, culturas, valores e identidades.

Basta observar que as relações de poderes são desiguais, que há despreparo dos profissionais da educação para o seu trabalho em sala de aula, e que há dificuldades ou ausência da realização de uma reflexão sobre a prática pedagógica, as teorias de currículo, as relações de poderes, a produção de sujeitos, etc, são assuntos pertinentes em qualquer escola, independentes com que sujeitos ela trabalhe.

Esse Projeto resulta de descobertas e impasses na trajetória dos deficientes auditivos e suas peculiaridades, portanto será necessário um novo olhar na educação que, sem sombra de dúvida, é um dos alicerces da humanidade, tão primordial para a aceitação das diferenças, em oposição á homogeneidade.

De acordo com a Nova LDB, torna-se claro o estímulo para a integração dos surdos na escola regular. Embora a Lei fale sobre o respeito às diferenças, sobre recursos disponíveis para a aprendizagem, sobre a tecnologia a serviço da educação e sobre igualdade, parece ficar a desejar discussões que abordem temas culturais e políticos.

E quem são, os ditos “deficientes” para a escola?

Ser surdo, para muitos ouvintes desavisados é ser um deficiente capaz, se submetido a treinamentos apontados como bons e necessários pela medicina, de ser “integrado pela fala” a pessoas normais.

Em vista do portador de deficiência auditiva ser excluído, ou ser um desafio para a educação brasileira, de a sociedade discriminar e segregar o portador de deficiência, não ter o apóio psicopedagógico necessário e com o surgimento “cascata” dos mesmos na rede regular de ensino, mas com serviços paralelos para atender essas necessidades, é que me propus a defender este projeto, para que pessoas preparadas possam assumir seus papéis como cidadãos. Faz-se necessário uma parceria, de sociedade e pessoas deficientes auditivas, com o objetivo de solucionar problemas, com um sentido mais humanitário, aprendendo a viver com o outro, e com um novo olhar e enriquecedora proposta educacional, para juntos celebrarmos as diversidades e as diferenças, em um movimento mais amplo, envolvendo toda a sociedade.


5- OBJETIVO GERAL

Capacitar o professor (a) para a melhoria de sua atuação, como profissional da educação e como cidadão, por meio da aquisição de informações e técnicas relativas a estimulação precoce, oferecendo subsídios para a capacitação dos mesmos desenvolvendo possibilidades de mudanças aos portadores de deficiências auditivas no contexto social e educacional, sensibilizando a comunidade escolar e detectando as causas e conseqüências de uma surdez.

5.1- OBJETIVO ESPECÍFICO

Enfrentar os desafios, buscando alternativas e criando novas prioridades de formação de prática pedagógica e de investigação.

6. QUADRO TEÓRICO

De acordo com SASSAKI (1997), “o deficiente auditivo é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria. Tem limitações, porém deve-se buscar no seu potencial o que lhe é peculiar. Pois ele não ouve, mas pode escrever uma poesia, não é um aluno com grande conhecimento intelectual, mas tem uma aprendizagem adequada para o seu desenvolvimento, pode falhar no rendimento normal, mas se sobressai em outras atividades”.

O contexto do deficiente exige a mudanças das atitudes, para posteriormente se mudarem as ações.

Em muitos aspectos, a problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Há implicitamente uma relatividade cultural que está na base do julgamento que distingue entre “deficientes” e “não deficientes”. Essa relatividade obscura, tênue, sutil e confusa, procura de alguma forma “afastar” ou “excluir” os “indesejáveis”, cuja presença “ofende”, “perturba” e “ameaça” a ordem social.

O processo educacional a ser desenvolvido com alunos surdos constitui-se um dos maiores desafios que um professor enfrenta, principalmente se for levado em consideração que deva ocorrer em classes de ensino regular.

A rigor, os mesmos desconhecem seus direitos e não possuem, portanto, argumentos quando uma porta escolar lhes é fechada. A lei é bastante clara ao afirmar que toda criança tem direito à escola, mesmo as que possuem necessidades educativas especiais, como é o caso dos portadores de deficiência auditiva. Aos governantes cabe a responsabilidade de divulgar as ofertas educativas existentes, facilitando aos responsáveis a busca de serviços especializados.

Compete aos pais, familiares e educadores possibilitar à criança surda, no início da escolarização, segurança nas suas potencialidades para que se sintam seguros (as) e adquiram maior confiança em si mesmo (a) e se aceite melhor, procurando auto-suficiência e emancipação, mesmo quando estiver na escola, longe de casa.

Carinho, pois é suprimido, possibilita o desenvolvimento da capacidade de contato afetivo adequado com outras pessoas e o estabelecimento de comunicação.

Comunicação, para que seja desenvolvida a linguagem e possam se expressar.

Integração, pois os mesmos têm direitos a participar da vida familiar, de uma escola comum e da comunidade, mesmo que em cada um desses momentos mereçam uma atenção diferenciada às suas necessidades especiais.A integração depende, dentre outros fatores de uma comunidade que esteja preparada para conviver e aceitar aqueles que são diferentes. A integração possibilita ao surdo interagir, conviver e comunicar-se com outras pessoas e pressupõe atitudes de cooperação e reciprocidade e evolui de acordo com as tendências internacionais e nacionais.

Segundo SKLIAR, Carlos (1988), foram mais de cem anos de práticas esquecidas pela tentativa de correção, normalização e pela violência institucional, instituições especiais que foram regulamentadas tanto pela caridade e pela beneficência, quanto pela cultura social vigente que requeria uma capacidade para controlar, separar e negar a existência da comunidade surda, da língua de sinais, das identidades surdas e das experiências visuais, que determinam o conjunto de diferenças dos surdos em relação a qualquer outro grupo de sujeitos.

A mudança registrada nos últimos anos não é, e nem deve ser compreendida como uma mudança metodológica dentro do mesmo paradigma da escolarização. O que está mudando são as concepções sobre o sujeito surdo, as descrições em torno da sua língua, as definições sobre as políticas educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e adultos ouvintes.

Nesse impasse entre diferença e deficiência nos prestamos a novos olhares, vivências, conhecimentos diversos da sociedade, e do imaginário social.

A questão surdez, estereotipada pelo imaginário social como algo deficiente, de menos valia e patológico, se fez testemunha de forma árdua e marcante.Estabelecer uma nova perspectiva que vise reconhecimento à identidade cultural surda é a prioridade máxima.

Os educadores perdem de vista a importância da formação da identidade e cultura surda. Deixam de formá-los enquanto cidadãos críticos e muito pouco se confrontam a trabalhar o sentido real do conceito da equidade a qual busca a igualdade sem, entretanto, eliminar a diferença.

Nesse sentido, a negação da cultura surda, da língua de sinais, das identidades surdas é inerente a tradição oralista imperativa nas escolas, com o pressuposto de que o surdo é estigmatizado como deficiente auditivo, que carece de educação oralista, que sofre de patologia necessitando de especialistas para restituir-lhe a fala.

Segundo PERLIN (1988-1953), a identidade surda sempre está em proximidade, em situação de necessidade com o outro igual. O sujeito surdo nas suas múltiplas identidades está em situação de necessidade diante da identidade surda.

Essa influência do poder ouvintista prejudica a identidade surda quem assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas, face á presença do poder ouvintista que lhes impõem regras, inclusive, encontrando no estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade surda ao sujeito surdo.

Afirmo a necessidade de uma nova visão sobre o sujeito surdo, que é deficiente, mas não diferente.Segundo PERLIN (1988-1956) “ser surdo é pertencer a um mundo de experiências visual e não auditiva”.

Viver uma experiência visual é ter a língua de sinais, a língua visual, pertencente à outra cultura, a cultura visual e lingüística.

A identidade política surda é um movimento pela força política, em prol da nossa diferença... É uma luta contra o estigma, contra o estereótipo, contra o preconceito, contra a deficiência e especialmente contra o poder do ouvintismo.

Devemos ver o surdo do ponto de vista de dentro, o que implica usar óculos diferentes dos ouvintes, usar “óculos surdos” que os permitam ver.

A identidade é algo em questão, em construção, uma construção móvel que pode freqüentemente ser transformada ou estar em movimento, e que empurra o sujeito em diferentes posições.

Faço minha as palavras de PERLIN (1998-1957). É preciso manter estratégias para que a cultura dominante não reforce as posições de poder e privilégio. É necessário manter uma posição intercultural mesmo que seja de riscos.A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como uma construção multicultural.

A inclusão se apresenta como outro grande desafio para a educação brasileira. Tradicionalmente a sociedade vem discriminando e segregando o portador de deficiência.

Com um sentido mais humanitário, FOREST & PEARPOINT (1997). A inclusão é “estar com”, é aprender a viver com o outro, é a participação das pessoas, da família, da comunidade, em uma nova e enriquecedora proposta educacional que celebra a diversidade e as diferenças. Nessa perspectiva, não se deve estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas, levar em consideração as suas singularidades, respeitando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural.

Para que as pessoas com deficiência possam exercer esse direito em sua plenitude é indispensável que a escola se adapte às mais diversas situações.

A essa adaptação a que toda escola está obrigada é que chamamos inclusão. Ou seja, não se espera mais que a pessoa com deficiência, sozinha procure se integrar. Espera-se que os ambientes, inclusive o educacional, estejam devidamente preparados para receber a todas as pessoas.

Se existir um aluno portador de deficiência auditiva que use língua de sinais matriculado numa escola, ainda que particular esta deve contratar um interprete, e promover as adequações necessárias, às suas especificidades. Deve-se oferecer a estrutura adequada a todos os seus alunos. Isso inclui as Instituições de Ensino Superior, para as quais existe até a portaria MEC. 1.679/99, trazendo esclarecimentos quanto a estas obrigações e condicionando o próprio credenciamento dos cursos oferecidos ao cumprimento de seus requisitos.

Além do interprete, a escola deve providenciar, para que o aluno, possa aprender língua de sinais, se precisar, bem como as especificidades lingüísticas em relação às matérias que estão sendo ministradas. Os professores também precisam ser orientados quanto ao modo

de comunicação dos surdos para a correta abordagem dos temas relacionados principalmente à Língua Portuguesa.

Já o multiculturalismo se expressa, como sucessão no mundo contemporâneo, para que todos os sujeitos sociais valorizem, expressem suas diferenças, suas culturas específicas, em busca da afirmação cultural. É um movimento social em oposição a todas ações, homogeneizadas da vida social. É uma oposição a todas as tentativas dos outros, a imprimirem a cultura dominante, vigente, sobre uma outra cultura pré-existente: a cultura surda.

Segundo SHOMSKY (1971), todas as crianças possuem características inatas que lhe permitem adquirir e desenvolver a língua de sua comunidade. Apesar das crianças nascerem pré-programadas para adquirirem a linguagem, necessitam viver num ambiente lingüístico para que o processo seja ativado e estimulado. A linguagem escrita quando desenvolvida é um precioso auxiliar da memória.

Este pressuposto vem a enfatizar que por meio da expressão e comunicação entre o educando com deficiência auditiva e as outras pessoas as tendências de diminuir ou eliminar os efeitos e conseqüentemente, as dificuldades decorrentes da deficiência auditiva, com vistas a facilitar o desenvolvimento de sua linguagem.

E falando sobre a colocação de VYGOTSKY, SLOBIN (1980 p.203-204). Diz que o pensamento se atualiza através da fala: “na evolução humana, a fala pode servir ao pensamento e pode ser revelado na fala”.

No cotidiano escolar, os alunos não conseguem aprender porque a privação lingüística do surdo torna-se uma barreira para os professores.

Assim reforçam-se os estereótipos na relação professor/aluno, surgem os julgamentos rotulantes “esta criança é agressiva” ou deve estar com problemas no convívio familiar, “ela tem baixa auto-estima”, etc.

Esses preconceitos delinearam uma representação instituída através dos ouvintes, de que os sujeitos surdos apresentam sérios problemas psicológicos.

Essa visão reforça entre os profissionais uma controvérsia de conceitos, hipóteses, teorias que em nada auxilia a organização do fazer pedagógico.O respeito ao aluno surdo deve ser baseado na compreensão das causa e conseqüências do fracasso escolar, permitindo um entendimento mais sistemático sobre a temática em questão. É preciso desmistificar a dúvida de o surdo possuir ou não pensamento abstrato ou como opera esse pensamento.

Há necessidade de um olhar diferente para a educação de surdos, permitindo aos mesmos o ambiente lingüístico necessário para que desabrochem suas potencialidades lingüísticas e comunicativas.Onde possam assumir suas identidades, sem que os ouvintes usurpem seus papéis, administrando-os.

Essa possibilidade prevê escolas com estruturas diferentes daquelas do passado, uma escola que desmistifique a postura de que a escola é a única responsável pela integração social.Cabem à escola às iniciativas que forcem a integração social através de medidas políticas em nível de estados e municípios, proporcionando assim a desescolarização das questões que envolvem a integração social.

Na atualidade não há como se falar em fracasso escolar das pessoas surdas, remetendo esse fracasso, obsessivamente, à pessoa surda, as famílias e professores como seus determinantes qualitativos.Há, que partir de um debate pautado em revisão desses conceitos e dos modelos pedagógicos usados, refletindo sobre a escola que se quer e com a participação dos surdos nos Projetos Políticos Pedagógicos.

Os professores desconhecem a profunda necessidade da pessoa surda participar dos projetos e das decisões sobre sua vida escolar, denotando uma visão na qual os ouvintes ditam regras e decidem sobre a vida das pessoas surdas que lhes são subordinadas, devido ao bloqueio comunicativo que possuem. Uma relação que os torna incapacitados, marginalizados e até mesmo doentes.

As respostas dos professores trazem argumentos que denotam falta de clareza sobre a área trabalhada,, insegurança quanto aos papéis do professor de surdos e sobretudo revelam a falta de um projeto sócio-político que resgate medidas efetivas sobre os problemas referentes ao fracasso escolar das pessoas surdas.

A pessoa com deficiência não deixa de ser pessoa, em razão de sua deficiência. A deficiência não é algo que se carrega, não é um objeto que se porta durante um certo tempo e depois se desfaz como se fosse uma simples bolsa. A deficiência é parte constituinte da pessoa, faz parte de sua “identidade”, não tem como a pessoa se desfazer dela por sua simples vontade. Portanto, a pessoa não porta deficiência, ela a possui como parte integrante do seu próprio ser.

Cada pessoa é o resultado do conjunto das suas relações sociais, ou seja, é aquilo que a sua história de vida lhes possibilitou ser. Portanto, independentemente de uma determinada pessoa possuir ou não deficiência, ela é igual às demais naquilo em que é igual, e é diferente das demais naquilo em que é diferente.

Enquanto orientação geral, uma das maiores preocupações com esse projeto é evitar os chamados rótulos ou carimbos. A partir do momento em que uma determinada pessoa for rotulada com a marca deficiência, nunca mais será a mesma. Passará a viver em todos os espaços sociais sob o estigma do inválido e do inútil. Numa sociedade, que já tem estabelecido um padrão de perfeição, de beleza, de inteligência, de cor, alicerçados sobre valores econômicos, políticos, sociais, culturais, éticos e morais bem definidos, essa ressalva torna-se por demais importante, pois se entende que o melhor seria evitar a colocação do carimbo “deficiência” do que depois retirar as suas marcas.

Vale a pena lembrar, a título de esclarecimento, que o problema da pessoa com deficiência não é à deficiência em si, mas o tratamento que a mesma recebe por parte da sociedade, em face da sua deficiência.

As necessidades sociais, a opinião pública e o interesse governamental deverão despertar para várias prioridades que permitam materializar, em termos legais, a aceitação, a compreensão e a realização de seres humanos diferentes, com necessidades educacionais especiais.

Temos de aceitar que é possível mudar e transformar num ser autônomo, independente e capaz de aprendizagem e elaboração ideacional.

As estruturas educacionais não podem assemelhar-se a “reservas” ou “classes especiais”.O futuro de tais estruturas deverá orientar-se na edificação de envolvimentos educacionais o menos restrito possível. A escola deve ter perspectiva de integração, e adotar a filosofia da heterogeneidade.

As “classes especiais”, não são “depósito dos incompetentes” ou o “circo de tontinhos” é a prova nítida da incompetência do próprio sistema de ensino, que baseia os seus mecanismos seletivos e reprodutivos no mito de uniformidade cultural.

sistema de ensino terá de equacionar o deficiente como um ser humano possuidor de um potencial de aprendizagem, de um perfil intra-individual e de um repertório de comportamentos que têm de ser maximizados e otimizados pelo próprio processo educacional.

O melhor lugar para educar, é o local onde todas as outras crianças aprendem. “Na classe regular”, não só se aprende sem estigma como provavelmente por esta razão se aprenderá melhor, desde que, obviamente, a integração envolva um novo sistema organizacional.

A escola regular deve encorajar a apreciação e o respeito pelas diferenças entre as crianças, acomoda-las no seu processo e servi-las o melhor possível.

A mudança é urgente, possível e humanamente necessária.





7.METODOLOGIA

A MINHA PESQUISA FOI FEITA ATRAVÉS DE OBSERVAÇÕES E PESQUISA DE CAMPO

Onde pude constatar que:

  1. As crianças com deficiências auditivas faziam aferições com o audiograma, onde seriam detectados o grau de sua perda auditiva e se o portador(a) tinha surdez leve, moderada ou surdez severa ou profunda;
  2. Eram encaminhados a um serviço fonoaudiológico, psicológico e de assistência social;
  3. Que o professor devia possibilitar à criança surda: segurança, carinho, comunicação e incluí-la na comunidade escolar;
  4. Acreditar no potencial do deficiente auditivo;
  5. Desenvolver uma pedagogia centrada na criança D. A, respeitando as diferenças de todos os seres humanos, oferecendo uma educação de qualidade, mudando as atitudes, e as concepções sobre o sujeito surdo, as descrições em torno da sua Língua, definindo as políticas educacionais e a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e adultos ouvintes;
  6. Integrá-los socialmente, conscientizando-o como cidadão, com pleno direito à escolha de vida pública e privada;
  7. Integrá-los no contexto escolar, oferecendo-lhes capacitação para desenvolver suas habilidades e investindo na formação em todos os níveis;
  8. E que devemos mudar as atitudes, para depois mudarmos as ações. Pois em nenhuma circunstância se pode privar o deficiente de uma experiência no real, para não haver uma predisposição ao isolamento. Pois se o excluo, o isolo, não lhe facilito o acesso ao

    conhecimento, tomo atitudes negligentes e torno-me conivente com esse sistema que pouco tem a fazer para oferecer-lhes igualdade de oportunidades educacionais, pois os mesmos são deficientes, mas não diferentes, tem dificuldades de aprendizagem, porém devem ter acesso ao conhecimento e construir esse conhecimento. A visão de educação deve ser aberta e positiva e exigir um novo perfil do profissional, tornando os deficientes auditivos cidadãos capazes de atuar, porque não transformar a sociedade, rompendo com os paradigmas, os rótulos e carimbos dos mesmos, que são excludentes, e fornecendo-lhes meios de progredir nesse mundo globalizado, onde o educador tenha o compromisso de ajuda-los, torna-los sujeitos pensantes e capazes de construir elementos de compreensão e apropriação crítica da realidade e melhorando a qualidade do ensino, superando as desigualdades sociais e atendendo as suas reais necessidades, no sentido de construir mecanismos viabilizadores da emancipação humana, engajando-os nas lutas pela justiça social, e nesse sistema produtivo, fortalecendo-os em pequenos grupos comunitários e processos democráticos e para solucionar os problemas existenciais.

I) Na escola é que nós educadores, devemos promover a convivência democrática, à participação e o respeito ao deficiente auditivo.

No Ano Internacional das Pessoas Deficientes em 1981, o conceito em relação ao deficiente foi alterado: não é o deficiente que tem que se adaptar à sociedade, mas a sociedade tem que se adaptar às pessoas “diferentes”. A deficiência não é então um atributo do indivíduo, mas está relacionada à forma como a sociedade o vê.

E de acordo com a Constituição Federal em seu art.5, aliado ao direito , à educação constante no art.208. A inclusão tem o amparo do princípio de igualdade e prevê a possibilidade de nem todos os indivíduos se beneficiarem com a inclusão, ao preconizar que o

atendimento educacional sos portadores de deficiência deve se dar “preferencialmente” na rede regular de ensino.

Foi e continuará sendo uma pesquisa infindável, é a minha bandeira de luta em prol dos deficientes auditivos, busco informações em internet, em revistas com divulgação de notícias sobre comunidades e cultura surdas, discussão de temas, participo de simpósios, seminários, congressos, folhetos informativos, fitas de vídeos e DVD’s.

Atuei três anos em salas de aula com deficientes auditivos, e mais três anos em sala de logopedia (atendimento individualizado). Enfim, tudo isso, ainda não é suficiente, pois enquanto não houver favorecimentos e não propiciarem um tratamento igualitário e inclusivo, continuarei a lutar, a buscar, e a interagir com os mesmos, procurando ampliar, produzir, e construir conhecimentos, conscientizando-os e mostrando que são deficientes e que devem acreditar no seu potencial.

Durante nove dias, participei de um encontro em Belém com o Dr. Lovy, médico russo. Foi bastante proveitoso para mim e outros encontristas de vários estados. Ampliei meus conhecimentos e pude saber a importância e desvantagens de um implante coclear. Foi bastante significativo.


Retornei a Manaus e dois meses depois voltei a Belém para fazer um tratamento com a minha filha Patrícia, e adquiri um aprendizado no Instituto Fellipo Smaldone. Lá foi onde me interei sobre os problemas do deficiente auditivo, como atuar junto a ele, como ajuda-la nas tarefas, e como desempenhar meu papel de professora, junto aos mesmos. Foram dois anos e oito meses de muita dedicação, amor e participação.

Cada investimento era lucro para o progresso, pois quando os observava balbuciar as primeiras letras, lágrimas me vinham aos olhos, por verificar que todo o meu sacrifício, por estar longe de meu esposo e filho, valeu a pena, para o crescimento da Paty e dos outros deficientes auditivos.

Lá, ela e os outros superaram as barreiras emocionais, as dificuldades, e integrou-se facilmente a sociedade.

Dei ótima assistência, estimulando-os, falando, repetindo, chamando os objetos da casa pelo nome, e colocando nomes em objetos escolares e em nossa residência. Trabalhamos os conceitos das formas geométricas; de tamanho: grande / pequeno; de posição: dentro/fora; de percepção visual: igual / diferente.

Fiz exercícios respiratórios, tais como: apagar a vela com sopro rápido, apagar o fósforo com explosão rápida, soprar apito, língua de sogra, balão, lápis sobre a mesa, bolinhas de isopor, pena, etc.


Fiz exercícios fono-articulatórios, ou seja, de língua, mandíbula e do palato, de inspiração e expiração.

De lábios: segurar o lápis com os lábios, imitar o motor de um carro, o barulhinho da abelha, o gatinho tomando leite, e passar a língua em volta dos lábios, para a direita e para a esquerda.

De mandíbula: abrir e fechar a boca devagar, bocejar amplamente.

De palato: fazer gargarejos, estalar à língua, imitando cavalinho e vibrar a língua entre os lábios.

Exercícios de sopro: fazer bolinhas de sabão, soprar sobre tiras de papel e bolinhas de isopor, algodão, pena de galinha, etc.

Com essas atividades descritas, a criança tem uma boa leitura labial e fala sem grandes obstáculos, além de poder contar nos dias atuais com a leitura labial que vem a favorecer o seu aprendizado .

Se enfrentarmos os mesmos e assumirmos o desafio de tornar a educação um direito de todos, poderemos praticar uma lógica da inclusão, objetivando a construção de uma sociedade mais justa, que respeite e valorize as diferenças das condições físicas, psíquicas, mentais, culturais e econômicas de todas as pessoas, oferecendo assim, concretas possibilidades de participação social, com qualidade de vida, onde todos tenham direito e vos, buscando uma ação reflexiva sobre a prática pedagógica da escola.





8.CRONOGRAMA



Ativid/Período

Um dois três quatro cinco seis sete oito nove
Um Levantamento de literatura
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Dois Montagem do

Projeto

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Três Coleta de dados
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Quatro Elaboração do relatório final
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Cinco Revisão do texto
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Seis Entrega do trabalho
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09.RECURSOS

Material Permanente


    ITEM CUSTO $

    01 Computador

    1.700,00
    01 impressora 600,00
    01 Scanner 750,00
    01 Mesa p/ computador 470,00
    01 Som/ 2 decks 650,00
    01 Cadeira p/ escrivaninha 340,00
    01 Televisão 800,00
    01 Microfone 370,00
    TOTAL 3.980,00

    ITEM CUSTO $

    10 Cxs c/ disquete

    100,00
    10 Resmas de Papel A4 200,00
    10 Cartuchos Para impressora 650,00
    01 Espelho de 2,40x 1,50 95,00
    400 Balões 10,00
    20 Línguas de Sogra 10,00
    TOTAL 1.065,00



11. PESSOAL (12 MESES)

ITEM CUSTO CUSTO TOTAL
01 Estagiário 400,00 4.800,00
01 Digitador 670,00 14.070,00
01 Professor 520,00 6.240,00
Impostos Incidentais 700,00 14.700,00
01 Merendeira 400,00 4.800,00
01 Gestor 1.200,00 25.200,00
01 Pedagoga 1.200,00 25.200,00
01 Assistente Social 1.200,00 25.200,00
01 Psicólogo 1.200,00 25.200,00
01 Fonoaudiólogo 1.200,00 25.200,00
01 Médico 1.200,00 25.200,00
01 Dentista 1.200,00 25.200,00
TOTAL 11.490,00 22.1010,00

CONCLUSÃO


Acredito que ao termino desse projeto, o assunto abordado trará inúmeras contribuições na prática pedagógica e beneficiará os deficientes auditivos, estimulando-os a enfrentar os problemas e a superar os desafios e onde todos possam praticar uma lógica de inclusão, pretendo que a sociedade seja mais justa, que respeite e valorize-o, dentro de suas limitações, acreditando no seu potencial e oferecendo concretas possibilidades de participação social, com qualidade de vida, onde todos tenham acesso e voz, buscando uma ação reflexiva sobre a prática pedagógica da escola e com novos olhares para a aceitação das diferenças, em oposição à homogeneidade.

Faz-se urgente a inovação criar programas de prevenção, alterar processos de identificação precoce, reforçar o processo contínuo, participar dos Projetos Políticos Pedagógicos e de programas de sucesso e precisão, ultrapassando as barreiras e atingindo um patamar equiparado ao ouvinte.

Temos que aprender a viver com o outro e com um novo olhar e proposta educacional. Para que juntos possamos celebrar as diferenças e diversidades, num movimento mais amplo, envolvendo toda a sociedade.

O contexto do deficiente exige as mudanças das atitudes, para posteriormente se mudarem as ações.Há necessidade de um novo olhar, permitindo aos mesmos o ambiente lingüístico necessário para que desabrochem suas potencialidades lingüísticas e comunicativas. O educador deverá fazer um trabalho paciente e constante, observar, instruir, e

trabalhar junto à família para obter informações sobre o deficiente auditivo e suprir as dificuldades detectadas.

“A mudança é urgente, possível e humanamente necessária”.





















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