sábado, 7 de novembro de 2009

UMA NOVA VISÃO PEDAGÓGICA SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

UMA NOVA VISÃO PEDAGÓGICA SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA





Louse Marilane P.Costa

Resumo:

O objetivo desse artigo é capacitar o professor (a) para a melhoria de sua atuação, como profissional da educação e como cidadão, por meio da aquisição de informações e técnicas relativas a estimulação precoce, oferecendo subsídios para a capacitação dos mesmos, desenvolvendo possibilidades de mudanças aos portadores de deficiências auditivos no contexto social e educacional, sensibilizando a comunidade escolar e detectando as causas e conseqüências de uma surdez.

Palavra chave

Capacitação, educação, técnicas, estimulação precoce, mudanças e Capacitação, educação, técnicas, estimulação precoce, mudanças e deficiência auditiva.

Introdução

O referido artigo procura dentro de uma perspectiva de sensibilização e conscientização para os impasses e trajetórias dos portadores de deficiência auditiva.Será necessário um novo olhar na educação que, sem dúvida alguma, se alicerça na sociedade, para a aceitação das diferenças, em oposição à homogeneidade.

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Acadêmica do 7º Período da Faculdade Martha Falcão

E-mail: louse_costa25@yahoo.Com.br

Fone: 238-6440/ 9126-3616

Espero que a pesquisa torne-se eficiente e prática e que com isso possam valorizar a espontaneidade oral e a pista auditiva da criança D. A, oportunizando um ambiente estimulador e

contribuindo de maneira eficiente para nós educadores que somos bastante pobres de recursos e subsídios.

Este artigo de uma colheita de informações selecionadas e de fontes bibliográficas, e através da experiência vivenciada com minha filha (D. A) e de um trabalho realizado no “Fellippo Smaldone” ao longo de dois anos na sala de logopedia (treinamento Individual), situada na Rua Frei Lourenço, no Centro de Manaus.

Não está ancorado a uma teorização. Porém exige e tem o objetivo de gerar uma teoria e um novo olhar sobre a surdez. Porém, a minha maior preocupação é com um o planejamento de políticas educacionais para surdos, onde encontrem seus próprios olhares e que possibilitem pensar a surdez dentro de uma perspectiva geral da educação. São nessas relações que a surdez pode, então ser pensada como uma diferença, e onde devemos mudar as nossas concepções sobre o sujeito surdo, as descrições em torno de sua língua, as definições sobre as políticas educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e adultos ouvintes, etc.

A necessidade de construir um território mais significativo para a educação dos surdos, de não limitar nossas expectativas a uma “melhoria” dos paradigmas dominantes na educação especial, que nos conduzem a um conjunto de inquietações colocadas de um modo estático nas políticas e nas práticas pedagógicas.

O que pretendo é inverter a compreensão daquilo que pode ser chamado de “normal” ou “cotidiano”. È uma proposta pedagógica contemporânea que defenda uma educação direcionada para a autonomia do sujeito, para o uso da língua de sinais e para conscientização de sua identidade.

Muito se tem a fazer no processo educacional para que não vinculem ou rotulem os mesmos como “coitadinhos” e que são incapazes de galgarem ou alcançarem vôos mais altos. Dentro de suas limitações conseguem atingir um patamar quase que equiparado ao ouvinte, que tem uma imagem distorcida e inadequada do deficiente auditivo.

Temos que acreditar no seu potencial, na sua força de vontade e não subestima-los, pois a exclusão, baixa sua auto-estima, e o torna vulnerável às ações do ser humano, ano. É lamentável que no contexto atual, ainda não consigam superar com novos paradigmas no contexto atual.

Como podem se expressar, se lhes é facultada a chance de se constituírem como sujeitos em suas próprias identidades culturais. Ou mudaremos nossas expectativas, e eliminaremos nossos impasses e temores, ou continuaremos na mesmice, sem perspectivas de caminharmos juntos a partir do novo milênio.

Há necessidade de um fazer pedagógico diferenciado, desmistificando a postura de que a escola é a única responsável pela integração social. A rejeição aos mesmos fez com que eu travasse uma batalha, pois não se dirigiam aos surdos e procuravam evita-los.

Isso é inadmissível. Pois até educadores sentem-se constrangidos, pois não estão acostumados a enfrentar desafios, a buscar soluções, a ter esclarecimentos a respeito da surdez e de quebrar preconceitos relativos ao deficiente, viabilizando a sua integração social.

Não devemos transformá-los em entraves, marginalizando-os. Devemos ser comprometidos com essa situação, levando os alunos a se comunicarem mais amplamente e eficazmente, tanto em linguagem oral, como na escrita, evitando a todo custo a estigmatizarão da linguagem das crianças.

Dentro de uma perspectiva de sensibilização, espero que assumam a educação, procurando ultrapassar essas barreiras, inovando, criando programas de prevenção, alterando processos de identificação precoce, reforçando o processo contínuo, os programas individualizados de ensino e eliminando as rotulações inconseqüentes no plano educacional. Não devemos podar ou tolhir seres humanos e sim dar-lhes oportunidades, pois a mudança é possível e humanamente necessária.

A minha preocupação é constante, pois frente a exclusão, constatei a dura realidade que enfrentam e têm que enfrentar, e o difícil acesso a uma série de informações, as dificuldades na leitura, na formação de frases, no raciocínio lógico e á oralidade.

Há despreparo dos profissionais da educação para o seu trabalho em sala de aula, há dificuldades ou ausência da realização de uma reflexão sobre a prática pedagógica, as teorias de currículo, as relações de poderes, as produções de sujeitos, etc.; são assuntos pertinentes em qualquer escola.

Faz-se necessário uma parceria, da sociedade e pessoas deficientes auditivas, com o objetivo de solucionar problemas, com um sentido mais humanitário, aprendendo a viver com o outro, e com um novo olhar e enriquecedora proposta educacional, para juntos estabelecermos as diversidades e diferenças, em um movimento mais amplo, envolvendo toda a sociedade.

De acordo com SASSAKI (1997), “o deficiente auditivo é uma pessoa com direitos. Existe, sente, pensa e cria. Tem limitações, porém deve-se buscar no seu potencial o que lhe é peculiar. Pois ele não ouve, mas pode escrever uma poesia, não é um aluno com grande conhecimento intelectual, mas tem uma aprendizagem adequada para o seu desenvolvimento, pode falhar no rendimento normal, mas se sobressai em outras atividades”.

O contexto do deficiente exige a mudança de atitudes, para posteriormente, se mudarem as ações.

O processo educacional a ser desenvolvido com alunos surdos constitui-se um dos maiores desafios que um professor enfrenta, principalmente se for levado em consideração que deva ocorrer em classes de ensino regular.

A rigor, os mesmos desconhecem seus direitos e não possuem, portanto, argumentos quando uma porta escolar lhes é fechada. A lei é bastante clara ao afirmar que toda criança tem direito à escola, mesmo as que possuem necessidades educativas especiais, como é o caso dos portadores de deficiência auditiva. Aos governantes cabe a responsabilidade de divulgar as ofertas educativas existentes, facilitando aos responsáveis a busca de serviços especializados.

Segundo SKLIAR, Carlos (1988), foram mais de cem anos de práticas esquecidas pela tentativa de correção, normalização e pela violência institucional, instituições especiais que foram regulamentadas tanto pela caridade e pela beneficência, quanto pela cultura social vigente que requeria uma capacidade para controlar, separar e negar a existência da comunidade surda, da língua de sinais, das identidades surdas e das experiências visuais, que determinam o conjunto de diferenças dos surdos em relação a qualquer outro grupo de sujeitos.

A mudança registrada nos últimos anos não é, e nem deve ser compreendida como uma mudança metodológica dentro do mesmo paradigma da escolarização. O que está mudando são as concepções sobre o sujeito surdo, as descrições em torno da sua língua, as definições sobre as políticas educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e adultos ouvintes.

Nesse impasse entre diferença e deficiência nos prestamos a novos olhares, vivências, conhecimentos diversos da sociedade, e do imaginário social.

A questão surdez, estereotipada pelo imaginário social como algo deficiente, de menos valia e patológico, se fez testemunha de forma árdua e marcante.Estabelecer uma nova perspectiva que vise reconhecimento à identidade cultural surda é a prioridade máxima.

Os educadores perdem de vista a importância da formação da identidade e cultura surda. Deixam de formá-los enquanto cidadãos críticos e muito pouco se confrontam a trabalhar o sentido real do conceito da equidade a qual busca a igualdade sem, entretanto, eliminar a diferença.

Nesse sentido, a negação da cultura surda, da língua de sinais, das identidades surdas é inerente a tradição ora lista imperativa nas escolas, com o pressuposto de que o surdo é estigmatizado como deficiente auditivo, que carece de educação ora lista, que sofre de patologia necessitando de especialistas para restituir-lhe a fala.

Devemos ver o surdo do ponto de vista de dentro, o que implica usar óculos diferentes dos ouvintes, “óculos surdos” que os permitam ver.

Há necessidade de um olhar diferente para a educação dos surdos, permitindo aos mesmos o ambiente lingüístico necessário para que desabrochem suas potencialidades lingüísticas e comunicativas. Onde possam assumir suas identidades, sem que os ouvintes usurpem seus papéis, administrando-os.

Cabe à escola às iniciativas que forcem a integração social através de medidas políticas em nível de estados e municípios, proporcionando assim a desescolarização das questões que envolvem a integração social.

A pessoa com deficiência não deixa de ser pessoa, em razão de sua deficiência. A deficiência não é algo que se carrega, não é um objeto que se porta durante um certo tempo e depois se desfaz como se fosse uma simples bolsa. A deficiência é parte constituinte da pessoa, faz parte de sua “identidade”, não tem como a pessoa se desfazer dela por sua simples vontade. Portanto, a pessoa não porta deficiência, ela a possui como parte integrante do seu próprio ser.

Vale a pena lembrar, a título de esclarecimento, que o problema da pessoa com deficiência não é à deficiência em si, mas o tratamento que a mesma recebe por parte da sociedade, em face da sua deficiência.

A escola regular deve encorajar a apreciação e o respeito pelas diferenças entre as crianças, acomoda-las no seu processo e servi-las o melhor possível.

A mudança é urgente, possível e humanamente necessária.


CONSIDERAÇÕES FINAIS




Acredito que ao termino desse artigo, o assunto abordado trará inúmeras contribuições na prática pedagógica e beneficiará os deficientes auditivos, estimulando-os a enfrentar os problemas e a superar os desafios e onde todos possam praticar uma lógica de inclusão, pretendo que a sociedade seja mais justa, que respeite e valorize-o, dentro de suas limitações, acreditando no seu potencial e oferecendo concretas possibilidades de participação social, com qualidade de vida, onde todos tenham acesso e voz, buscando uma ação reflexiva sobre a prática pedagógica da escola e com novos olhares para a aceitação das diferenças, em oposição à homogeneidade.

Faz-se urgente à inovação criar programas de prevenção, alterar processos de identificação precoce, reforçar o processo contínuo, participar dos Projetos Políticos Pedagógicos e de programas de sucesso e precisão, ultrapassando as barreiras e atingindo um patamar equiparado ao ouvinte.

Temos que aprender a viver com o outro e com um novo olhar e proposta educacional. Para que juntos possamos celebrar as diferenças e diversidades, num movimento mais amplo, envolvendo toda a sociedade.

O contexto do deficiente exige as mudanças das atitudes, para posteriormente se mudarem as ações.Há necessidade de um novo olhar, permitindo aos mesmos o ambiente lingüístico necessário para que desabrochem suas potencialidades lingüísticas e comunicativas. O educador deverá fazer um trabalho paciente e constante, observar, instruir, e trabalhar junto à família para obter informações sobre o deficiente auditivo e suprir as dificuldades detectadas.

“A mudança é urgente, possível e humanamente necessária”.

REFERENCIAS




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SILVEIRA, Rosa M. H. Olha quem está falando agora! A escuta das vozes na Educação.

Temas em Educação Especial. Organizado por: DIAS, Tarcia Regina Silveira, São Carlos: UFSCar, 1993

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