Enquanto a síndrome de Tourette está classificada sob a ampla gama de desordens motoras e, mais especificamente, como uma doença de tique, existem outras doenças que causam movimentos parecidos com tiques. Assim, como se pode distinguir a síndrome de Tourette de outra doença motora?
Existem muitas doenças motoras, condições neurológicas que podem afetar o movimento de uma pessoa ao alterar a velocidade, fluência, qualidade e facilidade de um determinado movimento. Algumas costumam ser confundidas com a síndrome de Tourette.
- Coréia: movimentos involuntários rápidos normalmente vistos na doença de Huntington (em inglês). Esses tiques ocorrem por todo o corpo e são mais imprevisíveis que os tiques da síndrome de Tourette.
- Distonia: contrações musculares repetitivas que podem resultar em movimentos abruptos. Esses movimentos são mais prolongados que os tiques da síndrome de Tourette.
- Doença de movimento estereotipado: envolve movimentos repetitivos, como o acenar com a mão. Os pacientes geralmente têm sintomas antes dos 2 anos de idade e seus movimentos tendem a acontecer em ambos os lados do corpo e também nas extremidades. Os tiques também têm maior duração do que os tiques da síndrome de Tourette.
- Mioclonias: espasmos breves e involuntários de um músculo ou músculos, mais curtos que os espasmos da síndrome de Tourette
Agora descobriremos como a síndrome de Tourette é diagnosticada.
Sintomas menos comuns da síndrome de Tourette
Freqüentemente vemos a a coprolalia e a copropraxia como sintomas da síndrome de Tourette em filmes e programas de TV, mas menos de 15% dos portadores da síndrome, de fato, experimentam isso. A ecolalia e a ecopraxia são registradas em menos de 1/3 dos pacientes da síndrome de Tourette.
· Coprolalia: uso involuntário de palavras obcenas, palavras ou frases inapropriadas.
· Copropraxia: uso involuntário de gestos obcenos.
· Ecolalia: repetição involuntária das palavras de outra pessoa.
· Ecopraxia: repetição involuntária dos movimentos de outra pessoa.
· Palilalia: repetição rápida e involuntária de uma palavra
DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM NÃO DISFÁSICOS
v Ecolalia – Repetição tal qual papagaio do que as pessoas dizem, com eliminação de qualquer evidência de entendimento do que foi mencionado e com perda da fala espontânea. Lesão situa-se no giro angular e córtex adjacente da fissura sylviana posterior do hemisfério dominante. Deve ser realçado que, para se manifestar, a área de Broca deverá estar intacta.
v Dislalia – Distúrbio benigno da linguagem caracterizado por omissões ou substituições errôneas de consoantes. É a típica conversa do personagem Cebolinha. Bons resultados com fonoterapia.
v Disartria – Articulação inapropriada das palavras. Vista em uma ampla variedade de condições neurológicas distintas. Doenças que afetam o cerebelo e parkinsonianos em fase mais avançada costumam exibir esse transtorno. Entretanto, para fins didáticos, o exemplo mais marcante, que deve-se ter em mente para uma pronta identificação desse distúrbio da fala, é o do "bebum em final de noitada". Aliás, intoxicação aguda pelo álcool é a causa mais freqüente de disartria. Apesar disso, outras etiologias devem ser ponderadas, principalmente quando a história clínica (e o hálito!) negar esta possibilidade. Em nosso meio, pessoas com a "doença dos açorianos" (Doença de Machado-Joseph), que apresentam marcantes sintomas cerebelares, costumam ser chamados de bêbados até que o diagnóstico seja estabelecido. Pacientes com outras formas de heredo-ataxias não raramente sofrem os mesmos percalços sociais.
v Afonia – Perda completa da voz, sem qualquer outro sintoma associado. Distúrbios nos órgãos responsáveis pela fonação devem ser pesquisados. Na falta de evidência sugestiva de organicidade, uma origem psicogênica deveria ser questionada.
v Anartria – Total incapacidade para pronunciar as palavras devido a um defeito no comando nervoso da musculatura envolvida na fonação. Apesar de não emitir sons, demonstra Ter sob controle consciente todos os demais complexos componentes da linguagem. A síndrome do encarcerado em si próprio (the "locked-in syndrome"), em conseqüência de lesões na porção ventral da ponte, é a causa mais freqüente desta rara condição. Nela, os pacientes estão totalmente paralisados e os movimentos oculares são a única forma de expressar plena consciência dos fatos.
v Mutismo acinético – Pacientes nesse estado encontram-se em completa irresponsividade, apesar de estar alertas. Nenhuma forma racional de comunicação é possível. Atividade mental consciente nunca é manifestada. A expressão leiga "morto-vivo" talvez seja a melhor forma de expressar essa condição. Lesões vasculares na parte superior do tronco cerebral ou diencéfalo, ou mais raramente hidrocefalia, são as causas.
DISTÚRBIOS QUE PODEM MIMETIZAR DISFASIAS
v Autismo – Esta possibilidade deveria ser ponderada sempre em crianças que apresentem sérios problemas de comunicação oral, combinada com grande dificuldade de relacionamento social. Avaliações precipitadas desses pacientes poderão conduzir ao diagnóstico equivocado de disfasia. O contrário também é verdadeiro; isto é, crianças disfásicas sendo também rotuladas como autistas. Em tais situações, é imperativa a exclusão da possibilidade de surdez congênita ou adquirida.
v Mutismo de natureza psicogênica – Ataques psicogênicos de mutismo são capazes de mimetizar verdadeiras síndromes disfásicas. Geralmente tais quadros fazem pensar que estamos frente a um paciente com genuína afasia de Broca. Insultos psicológicos prévios são a regra. Como são mais freqüentes em mulhrres jovens, a pesquisa de abuso sexual deveria ser empreendida. Emergências de hospitais não são locais apropriados para este tipo de questionamento. Aliás esta crucial informação para um correto diagnóstico geralmente é obtida por pessoal não médico. Quando houver indícios, auxílio da enfermegem ou da assistência social ou da psicologia deveriam ser solicitados.
v Mutismo associado com a síndrome esquizofrênica – No contexto da síndrome esquizofrênica são freqüentes os distúrbios de linguagem. Estes às vezes podem expressar-se como sintomas da condição ou do tratamento com drogas neurolépticas. Pacientes catatônicos podem permanecer emudecidos por tempo prolongado, sugerindo a possibilidade de afasia global e, muitas vezes, somente uma história clínica detalhada apontará em direção ao diagnóstico apropriado.
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